Podia enxergar, através do vidro arranhado da janela, as flores cor-de-rosa do pessegueiro. Luz do dia. Transparecia... Sob a árvore. "Sorria para a foto!". "Quer mais suco?". O sopro do vento trazia o cheiro das flores pra mim. Doce...
Outro dia, início de semana. Mesma rotina. Café. Trabalhar... "Em casa, finalmente!". Uma xícara de chá. "Chá de pêssego!". Deixei o chá esfriando no criado mudo. Conseguia sentir o aroma das flores daquele dia e, lembrar do jeito inibido que sorria, de como servia o suco... Do jeito que me arrancava risadas apenas com o olhar. Olhar carinhoso, confortante. Peguei no sono. Sobre a grama cortada, percebia o infinito do céu e o canto simplório dos pássaros. Sentia que aquele momento poderia ser eterno, aquele sonho...